TEOLOGIA SACRAMENTAL



Antes de prosseguirmos com a formação própria do sacerdócio, faz-se necessário uma explanação do grau de importância dos Sete Sacramentos da Santa Igreja. Primeiramente, os Sacramentos são o centro da celebração da fé católica, e toda a vida cristã gira em torno da celebração desses rituais específicos, cada com um nível de importância e um significado diferente.

Para bem formar os nossos sacerdotes, é preciso que eles compreendam o funcionamento de cada um desses rituais e o porquê da existência das Ordens Sacerdotais, pelas quais ficam divididas as celebrações dos sacramentos e as funções que cada um assume no pastoreio do rebanho do Senhor.

Batismo: é o primeiro e mais importante passo dentro da caminhada cristã.

O Batismo configura um caráter indelével na alma do batizado, pelo qual este recebe o Espírito Santo e se torna uma alma cristã, digna da presença de Deus e da participação dos outros sacramentos. Nenhum outro sacramento pode ser recebido caso o indivíduo não seja batizado. Geralmente é celebrado em bebês e crianças, cujos pais cristãos desejam que participem da vida da comunidade.

Os adultos que se candidatam ao batismo são chamados de catecúmenos, pois irão receber a Catequese, para aprender o básico da vida cristã e dos bons costumes. Concluída as etapas formativas, eles serão batizados, tradicionalmente durante a Vigília Pascal, para serem apresentados em clima de grande festa e acolhida, à comunidade.

Nos adultos, o batismo significa vida nova e conversão, pois este sacramento confere o perdão e a indulgência plenária dos pecados, limpando a alma e fazendo com que o indivíduo renasça como um novo homem. Por conta disso, era muito comum que, na Igreja antiga, os catecúmenos esperassem o máximo possível para serem batizados, para terem a certeza de que estavam prontos para se converter e não mais viver uma vida de pecados.

Por ser um sacramento de caráter mais simples, todos os membros da Ordem Sacerdotal podem celebrá-lo, ou seja, Diáconos, Sacerdotes e Bispos.

Crisma (ou Confirmação): é o sacramento que ratifica a graça recebida no batismo.

A Crisma, assim como o Batismo, configura um caráter indelével na alma do crismado, pelo qual através do recebimento do óleo consagrado, pelas mãos do bispo, o crismado é confirmado na plenitude dos sete dons do Espírito Santo, confirmando também a sua maturidade na caminhada da fé e o habilitando à vida plena em comunidade, podendo assumir os ofícios extraordinários da Igreja.

É absolutamente necessário que somente os membros crismados da Igreja assumam os Ministérios Extraordinários, pois estes são os que terminaram a jornada catequética e estão plenamente cientes da importância de cada uma das funções, bem como já se tornaram conhecidos na comunidade e são experientes na vida cristã. Podem se tornar catequistas, acólitos, leitores, MESC, entre outros.

Este é um sacramento de suma importância, que só pode ser celebrado por um Bispo (ou, em casos de absoluta necessidade, por um presbítero designado pelo bispo), uma vez que somente o Bispo, tendo recebido a plenitude da Graça e do Sumo Sacerdócio, e sendo portador por excelência dos Sete Dons do Espírito Santo, pode passá-los adiante.

Eucaristia: é o Santíssimo Sacramento e o pináculo da fé católica.

Através da Eucaristia, os cristãos se reúnem para a celebração dos sagrados mistérios, e é entorno dela que gira a vida da comunidade. O Sacramento da Eucaristia pode ser recebido diversas vezes e administrado de diversas formas, mas seu principal expoente é a Santa Missa, pelo qual o sacerdotes e os cristãos ali presentes participam do Banquete do Cordeiro, onde se reafirma as promessas de Nosso Senhor Jesus Cristo para com seu povo santo, através do seu Santo Sacrifício no Altar.

A Eucaristia é alimento para as almas cristãs, que nos dá força e vigor para continuarmos a caminhada, é sinal de esperança no retorno triunfal do Salvador, símbolo de sua presença real em nosso meio. O pão e o vinho consagrados no altar se tornam verdadeiramente, através da transubstanciação, o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, que se dá a nós no mais extremo e perfeito ato de caridade, como alimento.

A Eucaristia pode também ser administrada de diversas formas fora da Santa Missa. Ela pode ser levada aos enfermos em suas casas, pode ser levada como Viático aos que padecem em seus leitos, deve ser administrada sempre como pré-requisito da Unção dos Enfermos, deve ser dada como Comunhão sempre nas Celebrações da Palavra onde um sacerdote não está presente, entre outras aplicações.

A celebração da Santa Missa, pelo qual o pão e o vinho são consagrados na Eucaristia, é de celebração exclusiva dos sacerdotes (Presbíteros e Bispos), porém, sua administração fora da missa pode ser feita por MESC e por Diáconos.

Reconciliação (ou Penitência): é o sacramento do perdão e da confissão dos pecados.

Através da reconciliação, os fiéis arrependidos de seus pecados reencontram-se com o Santíssimo Salvador, que em um ato de profunda misericórdia absolve os seus filhos amados de todas as suas faltas e culpas. O ato de humildade e arrependimento dos fiéis, ao reconhecerem a sua culpa, atinge o seu ápice através da confissão dos pecados a um sacerdote, que ouve o fiel e lhe dá conselhos sobre sua conduta.

A administração do sacramento da confissão renova a alma do cristão pecador, limpando todos os pecados veniais e mortais que possa ter cometido, e o habilita novamente a receber a Eucaristia e outros sacramentos. O sacerdote, durante esse sacramento, age in persona Christi, ou seja, na pessoa do Cristo, pelo qual ele confere a absolvição dos pecados como um piedoso juiz que ama os seus filhos.

Esse sacramento só pode ser realizado por membros devidamente ordenados com o Segundo Grau da Ordem Sacerdotal, ou seja, por Presbíteros e Bispos. Ele é também pré-requisito para a realização da Unção dos Enfermos.

Ordem: é o sacramento que habilita um cristão devidamente formado ao serviço ordinário do altar.

O Sacramento da Ordem confere um caráter indelével na alma daquele que o recebe, configurando-o participante da Ordem Sacerdotal, em comunhão com o sacerdócio de Nosso Senhor Jesus Cristo. Através do rito costumeiro, antigo e tradicional da imposição das mãos, o bispo, sumo sacerdote e pastor do rebanho, confere a um eleito pela comunidade o grau sacerdotal para a celebração dos sagrados mistérios.

O Sacramento da Ordem está dividido em três graus: diaconado, presbiterado e episcopado.

O primeiro grau, a Ordem dos Diáconos, são ordenados para o serviço e não para o sacerdócio, podendo proclamar o Evangelho, levar o Viático aos enfermos, celebrar Batismos e Casamentos, celebrar a Palavra, celebrar bênçãos, etc.

O segundo grau, a Ordem dos Presbíteros, são ordenados para o sacerdócio e a cooperação com a ordem episcopal, podendo celebrar missas, atender confissões, realizar a Unção dos Enfermos, celebrar bênçãos solenes, assumir paróquias, etc.

O terceiro grau, a Ordem dos Bispos, são ordenados para o sumo sacerdócio e compartilham com Cristo a missão última do pastoreio do rebanho; são responsáveis por celebrar a Crisma e o próprio sacramento da Ordem, passando adiante a sucessão apostólica. Somente o Papa pode escolher um presbítero para receber a sagração episcopal. Os bispos podem ser cooperadores direitos de outros bispos (arcebispos) ou podem assumir suas próprias dioceses.

Unção dos Enfermos: também chamada de Extrema Unção, é o sacramento da restauração das enfermidades ou da preparação para a Vida Eterna.

A Unção dos Enfermos ocorre sempre que um indivíduo se encontra em grave enfermidade, e deseja restaurar sua saúde, ou para se preparar para a passagem para a Vida Eterna. Este sacramento confere a graça do perdão dos pecados e a indulgência, para que a alma cristã parta desse mundo em paz em direção ao céu. Pode ser também administrada a cristãos que cometeram algum crime terrível e que estão para ser executados pela lei humana.

Antes da celebração da Unção, é necessário que aquele que vai recebê-la também receba o sacramento da Reconciliação e da Eucaristia, para que esteja devidamente perdoado de seus pecados e em comunhão com Cristo. Na unção, o sacerdote unge a testa, a boca, as mãos e os pés do indivíduo para que sejam perdoados todos os pecados que ele cometeu por tudo que fizera durante a vida, e encontre o caminho do céu.

Esse sacramento só pode ser realizado por membros do Segundo Grau da Ordem Sacerdotal ou superior, ou seja, Presbíteros e Bispos.

Matrimônio: é o sacramento que firma um laço entre os corpos de um homem e uma mulher cristãos para constituírem uma família.

O Sacramento do Matrimônio é contraído entre dois noivos, um homem e uma mulher cristãos, que desejam unir-se perante Deus, o ministro e assembleia, para constituir uma família cristã através de um laço de amor. Os noivos são os responsáveis pela celebração desse sacramento, sendo o ministro ordenado uma testemunha perante Deus que apenas firmará o sacramento.

O Matrimônio é uma união corpórea e só pode ser considerado inválido pela autoridade do Papa. Tratando-se de uma união corpórea, também pode ser dissolvido caso algum dos esposos morra, o que libera o outro esposo a contrair o matrimônio novamente. Também é permitido que os homens casados, devidamente participantes da comunidade cristã e com um ímpeto vocacional, tornem-se diáconos permanentes.

Este sacramento pode ser celebrado por qualquer membro ordenado, ou seja, Diáconos, Presbíteros e Bispos.


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